20 anos de retrocesso na UFMT!
“Democracia é oportunizar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, depende de cada um”. Fernando Sabino.
O termo democracia tem sido “convenientemente” muito utilizado atualmente. Para a categoria dos técnicos administrativos da UFMT a luta em defesa da democracia é contínua, e não se reduz a uma eleição para reitoria, pois deve se assentar em práticas democráticas, identificadas no cotidiano de sucessivas gestões da universidade, demarcadas pelo respeito (ou não) às categorias que compõem a comunidade universitária e por seus “atos políticos e administrativos”.
Com esse entendimento sempre cobramos das gestões o exercício da democracia, cujos pilares se estruturam na eleição democrática, paritária e inclusiva, gestão compartilhada e participativa, planejamento e avaliação participativa, definição do orçamento e prestação de contas ampla e participativa, democracia do acesso e permanência à Universidade. Esse conjunto de ações devem embasar a gestão de uma Universidade democrática, do contrário, a democracia fica capenga. Por isso continuamos com a bandeira erguida da democracia na UFMT.
Estão sim aplicando um golpe e um retrocesso nas práticas democráticas dessa Instituição. Talvez um dos maiores golpes em nossas conquistas na última década, pois o conservadorismo venceu. O SINTUF-MT já manifestou sua posição sobre o ocorrido, inclusive elencando fatores que dificultaram a manutenção dessa conquista. (Veja aqui a nota da entidade)
A posição do SINTUF-MT é coerente, segue sua defesa histórica de bandeiras democráticas que sustentam a razão de ser de uma entidade classista representativa de trabalhadores(as), que sempre teve que lutar para ter o seu papel reconhecido em uma instituição, cujo perfil ainda é conservador. O momento requer a coragem de ter posição, portanto a decisão do SINTUF-MT tem a legalidade de sua instância diretiva, e tem a legitimidade pelo seu perfil histórico de combatividade e de luta, jamais se curvando a ações e resoluções que ameacem a democracia e o papel dos técnicos administrativos na UFMT.
A orientação contrária a participação na consulta antidemocrática e conservadora, com pesos do voto diferenciado entre as categorias (70% para docentes, 15% para técnico-administrativos e 15% para estudantes) é necessária, do contrário estaríamos legitimando uma consulta cujo modelo, tem sua herança na época ditatorial (Lei 5.540/68).
Temos acompanhado algumas opiniões de companheiros(as) técnico-administrativos (a quem respeitamos) defendendo participação na consulta antidemocrática, outros já defendendo candidatos A ou B, outros criticando as entidades, e nenhum reconhecendo o golpe a democracia. Alguns dizem que não teve Golpe, ou seja, NEGAM a conquista de sua própria categoria. É lamentável, mas a história dirá quem tem razão. Não podemos, em função de interesses particulares, legitimar golpes às nossas conquistas, mesmo que esses tenham sustentação legal. Pode até ser legal (Leis 5.540/68, Lei 9.192/95), mas nitidamente é IMORAL.
Esse retrocesso na UFMT, se concretizado, ficará em nossa história, e a nossa categoria mais uma vez decidirá se continua na defesa do seu papel na UFMT, ou se submete a uma legislação que discrimina, desrespeita a categoria e fere nossos princípios democráticos. O que está em jogo não é a consulta antidemocrática, e sim o auto reconhecimento do nosso papel nessa instituição e a nossa submissão a uma legislação preconceituosa.
O SINTUF-MT fêz a sua parte orientando a categoria. Agora cabe a cada um a decisão de acordo com sua consciência histórica quanto ao seu papel na Universidade.
Léia de Souza Oliveira
Mestre Historiadora e Técnica Administrativa da UFMT