“Aqui na universidade, na década de 1970, nós vivíamos uma ditadura. O reitor era indicado. Dr. Gabriel, ficou 10 anos como reitor. Nós não tínhamos liberdade de organização, a Assumt [associação que reunia docentes e técnicos] era uma entidade muito assistencialista, tinha futebol. Então, na época, nós fizemos uma luta muito grande dentro da universidade pela democracia interna, direito a voto. Fizemos grandes movimentos, debates com nomes nacionais, e conseguimos fazer a primeira eleição direta na universidade, inclusive a primeira com voto paritário, a primeira universidade a ter cargos ocupados por técnicos, porque até então, todos os cargos eram ocupados por professores”.
O relato acima foi apresentado pela representante dos trabalhadores técnico-administrativos no Consuni, Leia Oliveira de Souza. Ela participou da Roda de Conversa: “O papel dos (as) servidores(as) públicos(as) da UFMT nas lutas por direitos e democracia”, que também contou com a presença do professor Waldir Bertúlio (diretor de Assuntos de Aposentadoria da Adufmat-Ssind). O debate fez parte das comemorações do Dia do Servidor Público 2023, organizado em parceria pelo Sintuf-MT e pela Adufmat.
“A professora Iraci Galvão, que era uma pessoa extremamente combativa, do Departamento de Sociologia, e eu fomos a uma plenária que a Reitoria organizou. Lá nos recebemos um voto de desconfiança contra os sindicatos, com voto de medidas radicais contra a minha pessoa e a professora Iraci. Em 16 de fevereiro de 1980 voltamos das férias e eles fizeram a perversidade de deixar uma chamada de que nós tínhamos que ir na reitoria assinar um documento. Era a nossa demissão”, contou o professor Bertúlio, hoje aposentado.
O debate foi transmitido em tempo real. Clique aqui e assista ao primeiro debate da Semana do Servidor da UFMT 2023.
Para a coordenadora geral do Sintuf-MT, Luzia Melo, o debate marcou o início de um debate que nunca deve ser esquecido. “A UFMT que nós conhecemos é o resultado de uma série de lutas. O movimento sindical organizado garantiu o respeito ao servidor público. Sempre que uma situação foge ao direito do trabalhador, o sindicato está de prontidão para lutar, e isso ficou evidente durante esta mesa de debate”, avaliou Luzia.
Durante as perguntas, o professor Maelison Neves, diretor geral da Adufmat-Ssind, destacou que a intenção de ameaçar servidores por sua atuação ou posição política não ficou no passado, mas é representado atualmente pela PEC 32 [Reforma Administrativa], que diversos governos tentam aprovar no Congresso Nacional.
Daniel Dino / Luana Soutos